Disco: "Dye It Blonde", Smith Westerns

Smith Westerns
Lo-Fi/Noise/Indie Rock
http://www.myspace.com/smithwesterns

Quando surgiram em meados de 2007 o Smith Westerns se escondia em meio a massas sonoras de distorção lo-fi e faixas praticamente inaudíveis, porém nada inovador. Mesmo a crítica deixou de lado o primeiro disco do grupo lançado em 2009, em virtude do álbum não alcançar as expectativas que a banda expunha em suas apresentações ao vivo. Contudo, nem crítica, nem público podem deixar de lado o segundo trabalho de estúdio da banda: Dye It Blonde (2011).

Se com o álbum anterior o grupo se preocupava em apenas produzir o básico, com o novo disco o quarteto de Illinois vai ao extremo. A banda, antes formada por garotos (de fato todos tinham entre 18 e 20 anos), parece agora tão bem elaborada que nem parece dona da sonoridade de outrora. As inúmeras camadas anteriormente produzidas pelo grupo agora vem de maneira límpida, audível e ainda assim com um pé suavemente calcado no noise rock.

Quando lançaram o single Weekend em novembro de 2010 a banda já mostrava os rumos que tomaria. Seus acordes pop e melódicos prendem o ouvinte já na primeira audição. O grupo barulhento de antes parece bem mais uma banda de pop rock convencional do que os reis do rock sujo. A faixa que abre brilhantemente o novo disco tem sua eficiência repetida nas canções seguintes.

O disco transita em um universo de distorções melódicas visivelmente inspiradas no rock da década de 1960 e mais especificamente em grupos como Beach Boys, T. Rex e The Zombies. Há ainda leves referências à Beach House (All Die Young) e acima de tudo ao álbum Before Today (2010) do Ariel Pink’s Hunted Grafitti. Muitas das canções como Still New e Imagine Pt. 3 parecem ter saído do trabalho de Ariel Pink. O uso de teclados e de uma instrumentação mais “limpa” faz com que o disco consiga explorar uma musicalidade antes impossível de ser imaginada sendo tocada pelo grupo.

Outro elemento de destaque são as guitarras. Em End Of The Night, por exemplo, o instrumento é quem dita o som. Os acordes rasgados deixam de lado os paredões sonoros do trabalho anterior em busca de uma construção rítmica muito mais detalhista e que explode em vigor. O mesmo acontece em Only One e Dye The World em que as guitarras são tocadas ao extremo levando a sonoridade do Smith Westerns a um patamar antes inalcançável.

Ainda é cedo para arriscar dizer, mas: Dye It Blonde é provavelmente um dos grandes lançamentos de 2011. Melódico, elaborado e pop, o disco se desenvolve com dinamismo e explora com excelência a sonoridade de suas canções. Se o ano vier com trabalhos carregados desse mesmo espírito, com certeza teremos mais uma ótima safra de grandes álbuns.

Dye It Blonde (2011)

1. Weekend
2. Still New
3. Imagine Pt. 3
4. All Die Young
5. Fallen In Love
6. End of the Night
7. Only One
8. Smile
9. Dance Away
10. Dye The World

Nota: 8.6
Para quem gosta de: Ariel Pink’s Hunted Grafitti, Girls e No Age
Ouça: Weekend

Por: Cleber Facchi

Deerhoof

Deerhoof
Indie Rock/Noise/Experimental
http://www.myspace.com/deerhoof

 

Uma japonesa louca e três músicos caóticos, assim é constituído o quarteto californiano Deerhoof. Surgidos em meados dos anos 1990 o grupo une com destreza guitarras noise, gritarias e canções ainda assim acessíveis. Com o mérito de lançar um disco quase a cada ano, a banda nos entrega uma discografia concisa e que retrata com qualidade o cenário independente em suas múltiplas facetas.

 

The Man, the King, the Girl (1997)

 

 

Halfbird (2001)

 

 

Reveille (2002)

 

 

Apple O’ (2003)

 

 

Milk Man (2004)

 

 

Green Cosmos EP (2005)

 

 


The Runners Four (2005)

 

 

Friend Opportunity (2007)

 

 

Offend Maggie (2008)

 

 

Deerhoof vs. Evil (2011)

Wolf Parade

Wolf Parade
Canadian/Indie Rock/Alternative
http://www.myspace.com/wolfparade

 

Enquanto boa parte das bandas surge da amizade de alguns garotos ou da inimizade de outros (vide o Oasis), a origem do Wolf Parade veio da maneira mais forçada e com um curto período de tempo possível. Em 2003 Win Butler pediu a Alex Megala (Grenadine Records) para que encontrasse um bom grupo para abrir o show de sua então iniciante banda Arcade Fire. Megala por sua vez convidou o músico Spencer Krug, membro de uma série de bandas canadenses, entre elas a ótima Sunset Rubdown, para que o ajudasse. Em um prazo de três semanas Krug ensaiou um repertório próprio junto do guitarrista Dan Boeckner (vinda da banda Atlas Strategic) e partiram para o show. O público gostou, a dupla se interessou e o projeto seguiu em frente.

Em 2005 depois de alguns EPs o Wolf Parade lançava seu primeiro disco de estúdio: Apologies to The Queen Mary (2005). Com produção de Isaac Brock do Modest Mouse e lançado via o selo Sub Pop o álbum é um mergulho no indie rock no melhor espírito dos anos 90. As guitarras vêm melódicas e semi Lo-Fi remetendo a bandas como a do produtor Brock além de grupos como Pavement, Of Montreal e um pouco de Neutral Milk Hotel.

O disco vem recheado com alguns sintetizadores minimalistas que vem para dar composição à algumas das faixas, como a excelente I’ll Belive In Anything e Shine a Light. Mas é nas guitarras que o grupo de fato mostra sua eficiência. Grounds For Divorce é uma das canções em que as guitarras pop experimentais destilam acordes eficientes em meio a um ritmo crescente e intenso. Em todo o mundo sites e revistas especializadas em música elegeriam o disco como um dos melhores daquele ano, estabelecendo a banda dentro do cenário independente e abrindo as portas para novos shows e apresentações do grupo.

A dupla seguiu em turnê pelo Canadá e Estados Unidos enquanto agregava Dante DeCaro como novo membro para coordenar mais algumas guitarras e elementos percussivos. Passada a série de shows, o grupo daria um tempo para que seus membros lidassem com os projetos paralelos. Krug lançaria dois discos pelo Sunset Rubdown nesse meio tempo, enquanto DeCaro e Dan Boeckner participariam da gravação dos discos de Arcade Fire, Hot Hot Heat e outros grupos conterrâneos.

Dado o tempo para que seus integrantes respirassem outros projetos o Wolf Parade voltaria em 2008 com At Mount Zoomer, o segundo disco de estúdio. Menos “roqueiro” e muito mais voltado para experimentalismos e o uso de sintetizadores, o álbum agradaria, contudo não teria o mesmo efeito do trabalho anterior. Boa parte das gravações ocorreram na mesma igreja em que o Arcade Fire um ano antes gravaria Neon Bible (2007). Com apenas nove faixas o disco entregava uma banda mais viajada e menos acessível, porém ainda assim interessante.

Com o terceiro trabalho de estúdio Expo 86 (2010) o trio canadense faria um retorno às guitarras lançando um disco muito mais próximo da sonoridade inicial da banda. Já abrindo o álbum a banda nos entrega Cloud Shadow on the Mountain, com guitarras marcantes e uma bateria funcional como nunca antes houvera na banda. E assim segue o álbum, menos “lúdico” que o trabalho anterior, menos jovial que o disco de estreia, mas ainda assim expressivo. É possível até dizer que o disco é mais “pesado” que os álbuns que o antecedem. Faixas como Palm Road, Little Golden Age e In the Direction of the Moon (essa ainda experimental e estranha) conseguem demonstrara força do “novo” Wolf Parade.

Em novembro de 2010 em um show na cidade de Toronto no Canadá a banda anunciaria um recesso que segundo os próprios membros vai durar “muito, muito tempo”. Agora é esperar e torcer para que tal recesso não seja tão extenso assim e logo sejamos presenteados mais uma vez pelos canadenses.

 

Apologies to the Queen Mary (2005)

 

  1. “You Are a Runner and I Am My Father’s Son” (Krug) – 2:54
  2. “Modern World” (Boeckner) – 2:52
  3. “Grounds for Divorce” (Krug) – 3:25
  4. “We Built Another World” (Boeckner) – 3:15
  5. “Fancy Claps” (Krug) – 2:51
  6. “Same Ghost Every Night” (Boeckner) – 5:44
  7. “Shine a Light” (Boeckner) – 3:47
  8. “Dear Sons and Daughters of Hungry Ghosts” (Krug) – 3:39
  9. “I’ll Believe in Anything” (Krug) – 4:36
  10. “It’s a Curse” (Boeckner) – 3:12
  11. “Dinner Bells” (Krug) – 7:34
  12. “This Heart’s on Fire” (Boeckner) – 3:59

 

 

Nota: 8.8
Para quem gosta de: Sunset Rubdown, The Unicorns e Arcade Fire
Ouça: I’ll Belive In Anything

 

 

At Mount Zoomer (2008)

 

  1. “Soldier’s Grin” (Boeckner) – 4:37
  2. “Call It a Ritual” (Krug) – 2:45
  3. “Language City” (Boeckner) – 5:02
  4. “Bang Your Drum” (Krug) – 3:10
  5. “California Dreamer” (Krug) – 6:00
  6. “The Grey Estates” (Boeckner) – 3:26
  7. “Fine Young Cannibals” (Boeckner) – 6:31
  8. “An Animal in Your Care” (Krug) – 4:19
  9. “Kissing the Beehive” (Boeckner/Krug) – 10:52

 

Nota: 7.5
Para quem gosta de: Sunset Rubdown, The Unicorns e Arcade Fire
Ouça: Bang Your Dream

 

 

Expo 86 (2010)

 

  1. “Cloud Shadow on the Mountain” (Krug) – 4:22
  2. “Palm Road” (Boeckner) – 4:41
  3. “What Did My Lover Say? (It Always Had to Go This Way)” (Krug) – 5:42
  4. “Little Golden Age” (Boeckner) – 5:00
  5. “In the Direction of the Moon” (Krug) – 5:46
  6. “Ghost Pressure” (Boeckner) – 5:16
  7. “Pobody’s Nerfect” (Boeckner) – 5:50
  8. “Two Men in New Tuxedos” (Krug) – 3:09
  9. “Oh You, Old Thing” (Krug) – 5:46
  10. “Yulia” (Boeckner) – 3:47
  11. “Cave-o-Sapien” (Krug) – 6:19

 

Nota: 8.1
Para quem gosta de: Sunset Rubdown, The Unicorns e Arcade Fire
Ouça: Palm Road

Disco: "Crooks & Lovers", Mount Kimbie

Se o diabo reside nos detalhes, Crooks & Lovers (2010) da dupla britânica Mount Kimbie se faz de sua morada. Trabalhado em cima da sonoridade dubstep o disco preza por efeitos minimalistas inspirados além de doses apuradas de experimentalismo eletrônico e alguns ruídos adicionais.

Comandado pelas mentes detalhistas de Dom Maker e Kai Campos o Mount Kimbie faz parte da leva de músicos britânicos guiados pela sonoridade dubstep, que desde o final da década de 1990 vem comandando as pistas de dança de alguns nichos ao redor do mundo. De fato a sonoridade do grupo é destinada a poucos. As batidas compenetradas, os efeitos singelos e o looping suave das faixas vêm muito mais para relaxar o ouvinte do que para entusiasmá-lo em alguma noitada. Um verdadeiro arrasa quarteirões nos espaços lounge das festas de eletrônica.

Cada faixa de Crooks & Lovers é individual, hermética e ainda assim coesa com suas irmãs composições. As canções seguem uma fórmula básica: camadas e efeitos controlados sempre acompanhados de batidas quebradas e alguns ruídos esporádicos. Embora a técnica se repita nas 11 faixas que compõem o disco existe sim uma alternância de elementos que vão reconfigurando as canções, dessa forma o álbum evita redundâncias e prima pela inovação.

Oscilando entre 100 e 140 batimentos por minuto as faixas são leves e reproduzem uma ambientação suave. Blind Night Errand é a canção mais “intensa” do álbum, enquanto Carbonated e Ruby com sua sonoridade dub cativam pela sua instrumentação eficiente e acréscimos controlados de efeitos. A curta Between Times encerra o disco categoricamente com suas batidas secas e instrumentação obscura.

Não há contra indicações para quem pretende se aventurar pelo som viajado do Mount Kimbie. Apenas um aviso: se você está habituado a uma eletrônica mais “agressiva”, o som feito pela dupla não é a sua praia.  Já se você pretende se integrar a um universo de batidas sossegadas e faixas relaxadas, Crooks & Lovers é sem sombra de dúvidas a sua melhor escolha.

 

Nota: 8.2
Para quem gosta de: James Blake, The XX e Joy Orbison
Ouça: Before I Move Off

Abe Vigoda

Abe Vigoda
Punk/Noise Pop/Tropical
http://www.myspace.com/abevigoda

 


Los Angles sempre foi o palco para que uma infinidade de bandas calcadas no punk, noise e no rock em geral. Foi assim com o Bad Religion no final dos anos 70 e início da década seguinte, com Back nos anos 90 e com uma quantidade absurda de grupos independentes nos anos 2000. No Age, Dum Dum Girls, Autolux, Black Rabel Motorcycle Club e a tropical punk Abe Vigoda.

Criada em 2004 a banda se munia de guitarras inspiradas em um clima tropical e surf, porém seguiam com uma identidade muito mais punk e fluíam com a cena local. Sky Route Sky Roof (2006) o primeiro disco de “estúdio” do grupo é um álbum genuinamente punk tirando alguns parcos experimentalismos, como acontece na faixa World Map Forever.  Fora isso a barulheira, guitarras distorcidas e os vocais gritados do vocalista Juan Velazquez é que dominam o restante do álbum. Embora divirta em alguns momentos o disco se mostra pouco inspirado e repleto de repetições sonoras.

A partir de Kid City (2007) a banda lentamente criaria uma identidade musical. As faixas que outrora vinham barulhentas e quase inaudíveis, agora se mostravam um pouco mais acessíveis e cada vez mais inspiradas pelo tropicalismo pop. Contudo não venha esperando por um disco limpo. O álbum ainda vem recheado pelas guitarras insanas da banda além de uma bateria ainda mais poderosa. Faixas como Gallope, Power Place e The Walk são bons momentos do disco.

Se com o trabalho anterior a banda já se mostrava dona de uma sonoridade própria, com Skeleton (2008) o quarteto californiano de fato mostraria a que veio. O disco é melódico, fácil e ainda assim barulhento. O grupo apresentaria agora uma nova faceta através do uso limitado de teclados e uma instrumentação ainda mais voltada para uma musicalidade tropical, quase um “caribe punk”. Canções como Animal Ghosts demonstram com eficiência esse novo som do grupo. As guitarras de agora surgem muito mais distintas se comparadas às dos trabalhos que a antecedem elevando a banda a um novo patamar.

Claro que se comparado com outros discos lançados no mesmo ano como Let the Blind Lead Those Who Can See but Cannot Feel (2008) do Atlas Sound e Nouns dos conterrâneos do No Age o disco soa fraco e até inexperiente, porém tudo serviria apenas como aquecimento para o álbum que viria dois anos depois: Crush (2010).

Teclados no melhor estilo No Wave, guitarras sujas e canções melódicas, assim é o quarto disco de estúdio do Abe Vigoda. É quase possível dizer que a banda soa pop. Faixas como Sequins (perfeita), Throwing Shade ou a canção título Crush demonstram um grupo revigorado e repleto de inspiração. Baixo, guitarra, bateria e teclados, tudo funcionando com brilhantismo. O novo disco faz parecer com que os trabalhos anteriores apenas venham a soar como um treinamento, meros ensaios para a excelência de Crush.

 

Sky Route Sky Roof (2006)

1              World Map Forever
2           Sky Route/Star Roof
3           Here We Are Vaves
4           Casual Knight
5           Chivalry
6           World Map Fever
7           Brother Rainbow
8           News
9           Hilarious Glowing
10           False Fruit
11           Paws
12           Sweater Shield

 

Nota: 7.5
Para quem gosta de: Wavves, No Age e Woman
Ouça: Paws

 

 

Kid City (2007)

1 Untitled
2 Kid City
3 Gallop
4 Homonomy
5 Infinity Face
6 Power Place
7 Boxes
8 The Walk
9 Eat Your Crown
10 Tom Tom Sun
11 All Night And

 

Nota: 7.8
Para quem gosta de: Wavves, No Age e Woman
Ouça: Gallop

 

Skeleton (2008)

01. Dead City/Waste Wilderness
02. Bear Face
03. Lantern Lights
04. Whatever Forever
05. Animal Ghosts
06. Cranes
07. Live-Long
08. The Garden
09. Hyacinth Girls
10. World Heart
11. Gates
12. Visi Rings
13. Endless Sleeper
14. Skeleton

 

Nota: 8.0
Para quem gosta de: Wavves, No Age e Woman
Ouça: Animal Ghosts

 

Crush (2010)

 

  1. Sequins
  2. Dream Of My Love (Chasing After You)
  3. Trowing Shade
  4. Crush
  5. November
  6. Pure Violence
  7. Repeating Angel
  8. To Tears
  9. Beverly Slope
  10. We Have The Mask

 

Nota: 8.3
Para quem gosta de: Wavves, No Age e Woman
Ouça: Sequins

Vampire Weekend

Vampire Weekend
Afrobeat/Indie Rock/Indie Pop
http://www.myspace.com/vampireweekend

Já que eles vêm para o Brasil em janeiro, nada melhor do que baixar os dois discos do Vampire Weekend. Caso não conheça a banda nova-iorquina o grupo vem inspirado pela sonoridade afrobeat além de boas doses de indie rock. Surgidos na crescente cena do Brooklyn o quarteto encabeçado por Ezra Koening é um dos mais inovadores da última década.

 

Videografia

Discografia

Vampire Weekend (2008)

  1. “Mansard Roof”              2:07
  2. “Oxford Comma”            3:15
  3. “A-Punk”            2:17
  4. “Cape Cod Kwassa Kwassa”       3:34
  5. “M79” (Batmanglij, Koenig)        4:15
  6. “Campus” (Batmanglij, Koenig)                2:56
  7. “Bryn”                  2:13
  8. “One (Blake’s Got a New Face)” (Koenig, Slinger Francisco)       3:13
  9. “I Stand Corrected”        2:39
  10. “Walcott”            3:41
  11. “The Kids Don’t Stand a Chance”             4:03

Contra (2010)

  1. “Horchata”         3:26
  2. “White Sky”       2:58
  3. “Holiday”            2:18
  4. “California English”         2:30
  5. “Taxi Cab”           3:55
  6. “Run”    3:52
  7. “Cousins”            2:25
  8. “Giving Up the Gun”      4:46
  9. “Diplomat’s Son”             6:01
  10. “I Think UR a Contra”     4:29

Disco: "Dagger Paths", Forest Swords

Forest Swords
Experimental/Ambient/Psych-Folk
http://www.myspace.com/forestswords

 

Existe um limite para o excesso de experimentações em um disco? Um ponto que faça dele genial ou algo completamente desnecessário? Se de fato esse limite ou linha exista para fazer de um disco algo brilhante, o Forest Swords – um pseudônimo de Matthew Liverpool Barnes – não consegue alcançar.

Dagger Paths (2010) seu mais recente trabalho tenta recriar uma atmosfera obscura em meio a programações eletrônicas, arranjos de psych-folk e uma infinidade de ruídos que lentamente vão esculpindo o disco. Contudo o álbum nada mais é do que um trabalho de música ambiente como tantos outros que são lançados anualmente calcados em repetições, trechos em looping monótonos e uma tentativa de soar cool.

Acha o disco genial? OK, dois exemplos de discos realmente geniais trabalhados em cima da sonoridade ambiente e também lançados esse ano: Does It Look Like I’m Here? do trio norte-americano do Emeralds e Mare de Julian Lynch. O que os difere e faz deles bons discos?Vários fatores, entre eles inspiração, sentimento e vontade de fazer algo novo. Enquanto o primeiro se vale de uma sonoridade sofisticada e instrumentação eletrônica suntuosa o segundo se afunda em camadas e gravações lo-fi gerando um disco de ambientações acústicas e inovador.

Já com o Forest Swords o mesmo feito não parece se concretizar. O álbum segue arrastado quase como se o músico fizesse seu trabalho de maneira forçada. O ouvinte acaba derrubado já na primeira faixa do álbum, Miarches que com seus arranjos de 6:23 minutos poderia de fato ser reduzido para mais da metade disso. Você até tenta dar mais uma chance ao disco com a faixa seguinte Hoylake Mist. A abertura sombria da canção deixa parecer que uma boa composição vem ai, porém só parece. A faixa nada mais é do que uma onda de repetições e clichês pseudo-experimentais.

De fato todo o disco é isso: uma pseudo-tentativa em lançar um disco pseudo-cult com arranjos pseudo-elaborados. Tudo bem que você pode gostar de trabalhos considerados “difíceis” e completamente fora dos padrões radiofônicos, mas observe bem,há muita coisa melhor do que isso lançado nos últimos tempos. Fuck Buttons, Sun O))), How to Dress Well, Sleigh Bells e isso só para ilustrar, a lista poderia se estender por centenas de caracteres.

Mas pensando bem Dagger Paths até seja um bom disco, porém exclusivo para pequenas audições, em horários e momentos específicos. E você sabe qual a melhor forma de ouvi-lo? Quando você está com insônia ou quer de fato dormir, aí sim você tem um bom remédio melhor até do que sonífero.

 

 

Dagger Paths (2010)

1. Miarches
2. Hoylake Misst
3. Visits
4. Glory Gongs
5. If Your Girl 6. The Light

 

Nota: 3.0
Para quem gosta de: Dormir, ficar entediado e parecer cult
Ouça: …

Miojo Indie Mixtape: "Brazilian 2010 Edition"

Samba, experimentalismo, pop, indie, afrobeat e rock todos os gêneros estão na nossa terceira Mixtape do Miojo Indie: Brazilian 2010 Edition. Um apanhado de tudo que rolou de bom durante este ano, canções que nos emocionaram, divertiram e nos fizeram dançar.

O disco abre com a dançante Morena Russa dos cariocas Do Amor, passando por Lurdez da Luz na faixa Tropeços Tropicais do Maquinado, cantando em coro com os gaúchos do Apanhador Só em Vila do Meio-Dia e com Undersireble Regrets do Holger. Casa Caíada do Momojó demonstra todo o virtuosismo do grupo, enquanto nos emocionamos com As Vezes da paulistana Tulipa Ruiz. Em ritmo de Jovem Guarda vem os Garotas Suecas com a belíssima Ela e para encantar ainda mais Dar-te-ei de Marcelo Jeneci.

Seguindo a levada de artistas da nova MPB vem a querida Nina Becker com Toc Toc. Na sequência os paranaenses do Sabonetes com a excelente Onde Vai Parar e Nevilton com a melancólica Do que não deu certo. Para encerrar os gaúchos do Volantes nos arrastam para a pista com seu rock com levas de música eletrônica na faixa No Corredor, Ali.

TOP #20 BRASIL 2010 (05-01)

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#05. Do Amor – Do Amor

Tudo bem, o disco de estreia dos cariocas da Do Amor não apresenta nada que artistas de outras gerações já não tenham feito. Sejam os Novos Baianos nos anos 70, os Paralamas do Sucesso na década de 80 ou os Raimundos pelos anos 90. Todos trafegaram por um mar de influências e colagens de outros estilos. O fato é que há um bom tempo ninguém fazia isso com tanta propriedade e qualidade quanto o quarteto do Rio. Carimbó, ritmos nordestinos, samba, reggae, axé e rock, tudo funcionando como se fosse um único estilo.

O grupo consegue nos fisgar já em sua primeira faixa, a divertida Vem me Dar, em que a levada samba rock vai nos guiando até um solo absurdo de guitarra que poderia estar facilmente em qualquer disco da banda Calypso ou de algum grupo paraense similar. As faixas suingadas e engraçadinhas vão conduzindo o ouvinte até o desfecho do trabalho.  Antes do fim, prepare-se para dançar coladinho ao som de Perdizes, sambar em Morena Russa, enlouquecer com Pepeu Baixou em Mim e arrastar a chinela ao som de Isso é Carimbó. (Resenha)

Brazilian/Alternative/Experimental
http://www.myspace.com/doamor
Ouça: Isso é Carimbó

#04. Tulipa Ruiz – Efêmera

Há tempos que um disco de estreia de alguma cantora não causava tanto rebuliço quanto o de Tulipa Ruiz. Quem acompanhou pelos sites de música, revistas especializadas ou Twitter via pouco a pouco o público e a crítica enlouquecendo em relação à Efêmera. O disco transitou entre os mais diferentes públicos, dos alternativos de plantão aos fanáticos pela MPB, e por onde tocava arrancava suspiros e frases do tipo “lindo”, “maravilhoso” e “perfeito”. De fato o primeiro trabalho da paulistana é tudo isso, se não mais.

O disco vem inspirado visivelmente pela Tropicália, como fica visível por todo o álbum, e de maneira mais latente em canções como a faixa título, Pedrinho(em que a cantora solta de vez seus vocais) e Pontual. Tulipa canta sobre o amor e seus desafetos tendo sempre como plano de fundo a cidade de São Paulo. Delicado e grandioso da primeira à última faixa, o álbum nos emociona com Só sei dançar com você, nos diverte Pontual e faz o ouvinte se declarar com Às vezes.

Brazilian/Indie/Pop
http://www.myspace.com/tuliparuiz
Ouça: Às Vezes

#03. Mombojó – Amigo do Tempo

Não é necessário relembrar a série de acontecimentos ruins que pairaram sobre o Mombojó nos últimos anos. O fato é que todos estes acontecimentos culminaram na criação de Amigo do Tempo, o terceiro e melhor disco do grupo pernambucano até agora. Denso e melancólico da primeira á última faixa o álbum é praticamente o oposto dos trabalhos anteriores do grupo, aqui a sonoridade vem triste, embora na mesma intensidade e força dos discos que o antecedem.

Ao mesmo tempo em que a obscuridade paira sobre o álbum as faixas são esperançosas, como canta Felipe S. já na abertura do trabalho: “Eu pensei em deixar você/Me livrar da dor e crescer”. A sonoridade do grupo também alcança outro patamar, cada um dos músicos consegue tirar o máximo de seus instrumentos produzindo um trabalho que preza pela excelência. O novo álbum do Mombojó demonstra um amadurecimento necessário do grupo. A banda que nos conquistou com suas faixas sempre agitadas e clima “pra cima” agora nos conquista com uma nova faceta tão intensa e marcante quanto a antiga.

Alternative/Indie/Experimental
http://www.myspace.com/mombojo
Ouça: Pa Pa Pa

#02. Holger – Sunga

Sunga une elementos do indie rock de bandas como Pavment, Broken Social Scene, Of Montreal ou I’m From Barcelona e principalmente a sonoridade afrobeat criada pelo nigeriano Fela Kuti e seus Africa ’70, elemento que caracteriza o disco.

Tudo bem que isso não é nada inovador, afinal, artistas como Vampire Weekend ou The Very Best vem explorando com qualidade a temática em seus trabalhos. O que diferencia e dá nova roupagem ao disco do Holger é aquele tradicional suingue brasileiro que nem a mais experiente banda gringa consegue superar. Se micareta fosse coisa de indie, com certeza seria o Holger quem levantaria a galera.

Se quando lançou Green Valley EP o grupo já conseguia animar o ouvinte, agora a banda amplia seus limites e produz um trabalho que esbanja carisma e estimulo, afinal é impossível ouvir Let’em Shine Below, Toothless Turtles ou Beaver (faixa que por sinal caberia com tranquilidade na trilha sonora de O Rei Leão) sem dar aquela batucada, ou contar em coro com a banda. (Resenha)

#01. Marcelo Jeneci – Feito Pra Acabar

Marcelo Jeneci com seu delicado Feito Pra Acabar era o artista que faltava para integrar a safra de novos músicos da MPB. Fortemente inspirados pela Tropicália e a Música Popular Brasileira dos anos 70 Jeneci, Tulipa Ruiz, Cidadão Instigado, Nina Becker, Silvia Machete, Céu e Cérebro Eletrônico são os responsáveis por dar voz à nova geração de músicos que nos presentearam com grandes lançamentos do gênero. Esqueça a “MPB tradicional” que toca nas rádios comerciais ou que é debatida nos “papos cabeça” em conversas de boteco. Dê espaço para que seus ouvidos tenham acesso ao que há de realmente novo na música nacional.

A pluralidade de estilos também é uma das marcas do álbum. Há traços de música sertaneja como em Pra Sonhar, rock em Copo D’Àgua, pop na divertida Café com Leite e Rosas e Tropicalismo em Jardim do Éden. Sobra espaço para que Jeneci explore ao máximo sua voz e a instrumentação do disco.

Com a faixa homônima, “Feito Pra Acabar” se encerra ao som de um épico com mais de sete minutos de duração abrindo espaço para violinos, percussão, pianos e experimentalismos. A prova que a força de Jeneci e da nova geração de músicos que compõem a famigerada Música Popular Brasileira está justamente em ousar e não ficar presa a fórmulas ou tradicionalismos musicais. (Resenha)

Brazilian/Indie Pop/Baroque Pop
http://www.myspace.com/jeneci
Ouça: Copo D’Àgua

I'm From Barcelona

I’m From Barcelona
Swedish/Indie Pop/Twee
http://www.myspace.com/imfrombarcelona

 

Com a big band sueca I’m From Barcelona nada é reduzido e tudo soa grandioso, seja em sua sonoridade, número de integrantes ou em suas apresentações ao vivo. O fato é que a banda não poupa esforços, contando com uma série de bons lançamentos, faixas marcantes e instrumentação primorosa.

Só para começar são nada mais e nada menos do que 27 membros (já chegou a ter mais de 30) na atual formação do grupo. Regida pelo “maestro punk” Emanuel Lundgren cada um dos integrantes da banda é responsável por um instrumento, dessa forma clarinetes, flautas, sanfonas, xilofones, banjos, trompetes além das tradicionais, guitarras, violões, baixo, teclados e bateria fazem parte da instrumentação do grupo. O I’m From Barcelona nada mais é do que uma gigantesca orquestra de música pop.

Lançado em 26 de abril de 2006, o primeiro trabalho do grupo denominado Let Me Introduce My Friends é um verdadeiro agregado de instrumentação brilhante e faixas que esbanjam melodia e sonoridade pop. O grupo vem destilando uma série de canções animadas, repletas de vigor e de instrumentos inusitados. Impossível não se deixar levar por canções como Oversleeping, We’re From Barcelona, Treehouse (com um belíssimo dedilhado de banjo) e Jenny (que abre em meio a instrumentos de sopro e vai crescendo durante sua execução).

Ao ouvir o disco é interessante ficar prestando atenção à entrada de cada um dos instrumentos no decorrer das faixas. Ao fundo das canções sempre existe algum elemento que vai ganhando destaque ou seguindo delicadamente a melodia.

Em vista da grandiosidade do trabalho de estreia era mais do que natural que a sequência fosse tão brilhante quanto. Porém, não foi bem isso que aconteceu. Who killed Harry Houdini? (2008) deveria ser chamado “Who killed I’m from Barcelona?”, tamanho o fracasso do disco. Toda a qualidade do trabalho anterior simplesmente desaparece, os instrumentos parecem limitados e as faixas são penosas e cansativas. O trabalho todo é obscuro, como se a banda tentasse soar forçadamente séria.

Com exceção da faixa Paper Planes, que melhor retrata a sonoridade do disco anterior, as canções do álbum pouco se desenvolvem, e acabam limitadas ao básico: guitarra, baixo e bateria, e uma acréscimo ilusório de outros instrumentos. Seria o fim do big band? A resposta viria com o terceiro disco do grupo e seria através de um grande e sonoro NÃO!

“E se fosse feito um disco onde cada um dos 27 membros da banda ficasse responsável por criar uma canção? Cada integrante teria de escrever a faixa, musicá-la e chamar quem ele quisesse para tocar?” Partindo dessa ideia eis que surge 27 Songs From Barcelona (2010) o terceiro trabalho da banda sueca e um retorno ao brilhantismo do primeiro álbum.

Cada um dos membros ficou responsável por dar vida a uma das canções do disco, que acabou tendo suas faixas lançadas diariamente, um dia para cada integrante da banda. Depois de quase um mês estava pronto o novo álbum que acabou compactado em um vinil triplo e vendido no próprio site de banda.

De fato o terceiro trabalho de estúdio do grupo sueco é completamente diferente do álbum de estreia ou do disco que o antecede. Cada faixa soa individual e transita pelos mais diferentes estilos, como o post-punk (Silence), a música folk (Make Me a Cowboy Again For a Day), eletrônica (Be The Sam) ou mesmo a musicalidade orquestrada do grupo (Baby Let’s Go). É como se cada um dos membros mostrasse quais são suas influências antes de entrar na Big Band e dividisse com o ouvinte esse gosto.

 

Let Me Introduce My Friends (2006)

 

  1. “Oversleeping” – 2:18
  2. “Collection of Stamps” – 2:49
  3. “We’re from Barcelona” – 3:02
  4. “Treehouse” – 5:02
  5. “Jenny” – 2:26
  6. “Ola Kala” – 2:39
  7. “Chicken Pox” – 3:33
  8. “Rec & Play” – 2:55
  9. “This Boy” (feat. Loney, Dear) – 3:15
  10. “Barcelona Loves You” – 2:44
  11. “The Saddest Lullaby” (feat. Mathias Alrikson) – 2:45

 

Nota: 8.8
Para quem gosta de: The Boy Least Likely To, The Decemberists e Arcade Fire
Ouça: Jenny

 

 

Who Killed Harry Houdini? (2008)

 

  1. “Andy”
  2. “Paper Planes”
  3. “Headphones”
  4. “Music Killed Me”
  5. “Gunhild” (feat. SoKo)
  6. “Mingus”
  7. “Ophelia”
  8. “Houdini”
  9. “Little Ghost”
  10. “Rufus”

 

Nota: 4.5
Para quem gosta de: The Boy Least Likely To, The Decemberists e Arcade Fire
Ouça: Paper Planes

 

 

27 Songs From Barcelona (2010)

 

  1. Daniel Lindlöf – Lower My Head
  2. Anna Fröderberg – But Hey Even Though Your Horses Went Away
  3. Tina Gardestrand – Baby lets go
  4. David Ljung – Silence
  5. Mathias Alriksson – The Return of the Ape
  6. Johan Mårtensson – What Should I Do
  7. Cornelia Norgren – Pet Duet
  8. Rikard Ljung – Nothin Like the Mornin
  9. Henrik Olofsson – Make Me a Cowboy Again for a Day
  10. Mattias Johansson – Be the Same
  11. Marcus Carlholt – Tour de France
  12. Emma Öhnell – Hej Hej Ivar
  13. Erik Ottosson – Zapatista
  14. Johan Aineland – Best Days Are To Come
  15. Frida Öhnell – Morning Again
  16. Jonas Tjäder – Göteborg
  17. Christofer Olofsson – Alice in Wonderland
  18. Olof Gardestrand – My BPM Might Be Off, But My Heart is Running Like a Clock
  19. Kristoffer Ekstrand – UHOH
  20. Tobias Granstrand – Troublemaking
  21. Micke Larsson – to the Clouds
  22. David Ottosson – The Wave
  23. Jacob Sollenberg – Sick of Love
  24. Martin Alfredsson – Kosmonaut
  25. Emanuel Lundgren – Hang On
  26. Jakob Jonsson – Matilda
  27. Julie Witwicki Carlsson – Dreaming My Dreams

 

Nota: 8.6
Para quem gosta de: The Boy Least Likely To, The Decemberists e Arcade Fire
Ouça: Baby Let’s Go